domingo, 29 de novembro de 2009

A arte salva?

Uns dizem que sim, outros afirmam que não. A arte transforma, diverte, alimenta. Provoca. É a minha opinião.

No sábado, fui ao Oi Futuro, há sempre algo interessante para ver. Assisti com calma as apresentações de videografismo e à performance de Maria Lynch. Uma performance sonora, chamada Corespaçoforma. Três bailarinos se movem ao som de ruídos, os corpos anulados pela roupagem colorida e a respiração quase imperceptível transformam os seres numa massa de cor. Estranho. Lúdico. Intrigante
.










Na rua, o homem perguntou: o que é isso? e respondeu: ah, é um evento. Seguiu adiante.













Vó que dança na rua

Ontem também foi dia de Primavera dos Livros, uma feira de livros organizada por editoras pequenas, com estandes padronizados e muitas flores. No jardim do Museu da República. Escolheram uma data ruim, fim de mês (ano passado foi a mesma coisa). Até havia livros baratinhos, mas estou controlando as despesas, cartão de crédito só em último caso. Vi algumas caras conhecidas, gostei de ver as crianças cantando, encontrei a Lou do blog comentalidades e seu neto inteligente. Ficam as fotos.

Mesa-redonda sobre literatura de cordel
No meio da multidão, o poeta Carlito Azevedo













Lou, a vó que dança na rua e também faz arte
E seu neto inteligente e eu


















Sexo com Madonna
Na sexta, conheci um espaço super legal: Telezoom, na Dias Ferreira, a rua mais in do Leblon. Numa cobertura muito charmosa, as pessoas se encontram para falar de música, cinema, literatura e dizer muitos poemas. Foi a noite de Mano Melo, poeta, escritor, ator, uma figura muito simpática, nascido no Ceará, cidadão do mundo. O sexo com Madonna aconteceu no poema (eu acho!). Seus convidados também deram um show. Claufe Rodrigues, Tavinho Paes e muitos outros. Encontrei a Antonella Catinari, escritora e professora, terminamos a noite no Cafeína, onde degustei uma tartelete de damasco.



As charmosas












Multiplicidade


Arto Lindsay, americano criado no Brasil, provocou orgasmos e distorções com sua guitarra, na plateia modernosoa que lotou o pequeno auditório, na quinta-feira, também no Oi Futuro. Nas mãos do músico, o instrumento geme, range, berra, estronda. Masturbação profunda. Ele cantou em inglês e em brasileiro (hum, percebem?!). Bossa nova. Uma hora apenas. E começou com atraso. Seco. Complexo. Dessa vez não levei a máquina fotográfica. Mas se quiserem saber mais ou ouvir, o carinha tem myspace, é só colocar o nome no google. Adorei.



Meu fígado anda mal. Percebo isso no meu humor. Hipócrates tinha razão. Aristóteles, idem. A arte pode ser catártica. E não pensem que estou montada na grana. A maior parte dos eventos não me custou um centavo. Divirtam-se!

domingo, 22 de novembro de 2009

Invenções na cozinha (acho que para comemorar...)


Tenho algumas habilidades e alguns talentos (como todo mundo, é claro!), mas dotes culinários passam ao largo. Hoje, porém, estava com vontade de comer bacalhau, bertalha e ovos cozidos. Gosto de inventar na cozinha, esse negócio de seguir receita ao pé da letra não é comigo. Então peguei o bacalhau ligeiramente desfiado, acrescentei uns pimentões coloridos, salsa, cebola, queijo cremoso e um fio de azeite. Coloquei no forno. Refoguei a bertalha e cozinhei os ovos. Dispostos no prato, assim tão em cores, transformaram o almoço em bálsamo. O sabor levemente adocicado do pimentão vermelho ofereceu um contraste amigável ao bacalhau.



Passaram-se dois anos

Foi uma forma de comemorar o fato de estar viva, passados dois anos da primeira cirurgia, que ocorreu em 22 de novembro de 2007. Ainda não havia deixado aqui um registro de como tudo começou.

O ano de 2007 foi um ano de muito trabalho e de muitos aborrecimentos, inclusive comecei a me desentender com os meus alunos, coisa que nunca havia acontecido. Um sentimento de tristeza e de abandono começou a tomar conta de mim. As férias de meio de ano chegaram, viajei a Paraty, para a FLIP. Na volta, com as energias revitalizadas, percebi um sentimento de urgência, uma necessidade de fazer tudo o que ainda não tinha feito. Um belo dia de agosto, fui até a Pedra Bonita com a intenção de marcar um voo duplo de asa delta. Um desejo antigo, meu B já havia voado e eu queria fazer o mesmo. Cheguei, olhei, perguntei, verifiquei os preços, tomei nota de alguns contatos e saí de lá com a certeza de que... não queria mais voar. Não foi o medo, mas o tal sexto sentido. Se tivesse voado, certamente não estaria aqui agora.


Em meados de agosto comecei os exames anuais, preventivo e ultrassonografia transvaginal. Tudo ok. Em seguida, a menstruação veio e não mais terminou, durante aproximadamente 40 dias. O médico dizia-me que eu estava na peri-menopausa. Receitou-me um medicamento para conter o fluxo sanguíneo e em setembro, ainda sangrando, viajei a Recife. A tristeza havia aumentado. Retornei ao médico e solicitei que colhesse novo material ginecológico, porque, na minha opinião, alguma coisa não estava bem. Acedeu de má vontade. Passado algum tempo, à noite, já deitada, notei um movimento no abdômen, do lado direito. Nas noites seguintes passei a prestar atenção, algo se movia, ora mais à direita, ora para o centro da barriga. Mais uma vez, voltei ao médico e disse-lhe que queria fazer uma ultrassonografia de abdômen.


O exame foi feito no dia 10 de outubro e indicou a presença de um cisto, com 99x68x86mm e volume de 303cm cúbicos. Nesse dia, a tristeza transformou-se em lágrimas e tive certeza de estar diante de um incompetente, ou de um médico sem compromisso com a saúde de seu paciente, o que dá no mesmo. Recorri a outros profissionais, submeti-me a uma tomografia computadorizada e esta confirmou o cisto, porém com medidas maiores e não foi capaz de precisar a que órgão ele estava ligado. Ah, o tal exame do material ginecológico, chamado colpocitologia oncótica, apresentou resultado negativo para células malignas!!!


Na procura por outros profissionais, fui atendida por um ginecologista que, ao saber da imagem cística no abdômen, simplesmente me despachou sem ao menos me examinar. Finalmente encontrei médicos decentes e interessados, que me ouviram, me apalparam, estudaram os exames apresentados e diante das várias hipóteses recomendaram uma colonoscopia, que acusou uma lesão vegetante em ceco. Daí para a cirurgia, uma laparatomia exploratória, foram só mais alguns dias e outros exames, inclusive outra ultrassonografia transvaginal, agora muito mais cuidadosa. E mesmo assim persistia a dúvida quanto ao órgão a que se ligava o cisto.


Na véspera da cirurgia, mais um susto. O médico decidiu realizar uma histeroscopia, com uso de anestesia local, à base de lidocaína, e acabei por fazer um edema de glote. Por pouco não morri na praia. Hoje tenho pavor de anestesias. Voltei ao quarto completamente desarvorada e agitada. Na manhã seguinte, acordei tranquila e pronta para a cirurgia. Foram duas equipes médicas, seis horas de duração e a retirada de todos os órgãos ginecológicos e alguns centímetros do intestino. O pós-operatório complicou-se com a paralisação do funcionamento intestinal (devido ao uso de morfina), algumas tentativas sem sucesso de passagem da sonda nasogástrica, até a chegada do Dr. Carlos Otávio que, gentil, mas firme, resolveu a questão. Passados onze dias de internação, voltei a minha casa.


O resultado da biópsia saiu em janeiro de 2008: adenocarcinoma de endométrio (papilífero seroso e células claras), grau III; adenocarcinoma em ovário e adenocarcinoma de cólon moderadamente diferenciado. As lágrimas não vieram.


Encaminhada para o Inca 2, tive de fazer outros exames, refizeram a biópsia, passei por uma mesa-redonda para discutir a necessidade de outra cirurgia (realizada somente em maio/2009), em abril iniciei o tratamento quimioterápico. As reações foram diversas e variadas, algumas estão relatadas aqui.


A despeito da incompetência de alguns médicos, da falibilidade de alguns exames e também de minha desatenção para comigo, estou viva e bem! Na consulta da semana passada, o oncologista notou que tenho mais músculos e um ar saudável, mas não me isentou de novos exames (ai, que chatice!). Rotina que se repetirá por um bom tempo. Enfim, agora é uma outra história...


Parabéns para mim! Obrigada, amigas e amigos!



quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ainda é tempo de

Outubro foi o mês do meu retorno a minha casa, após as merecidas férias. Não foi uma volta exatamente feliz. A viagem foi cansativa, estava ansiosa por chegar, as novidades que me esperavam não foram boas. Enfim, viver pode ter alguma previsibilidade, porém nenhuma estabilidade. Segurança? Somente as veiculadas nas mensagens publicitárias. E sabemos bem qual é o objetivo que as move. Certezas? Apenas as religiões ainda insistem em propagar a idéia de alguma certeza. Futuro? Isso é conversa própria de mercados financeiros e promessa de políticos obtusos.

Vivo no hoje, agora, nesse instante. (Ou quase, o que significa que tento, a despeito das pouquísimas certezas que tenho, que persistem, insistentes.) Viver, para mim, significa a pulsação intensa, o brilho no olhar, o olho que vê e percebe as oportunidades e as aproveita, o limão transformado em limonada, a inteligência em movimento, o afeto em troca. Sempre o afeto, o interesse interesseiro, nunca. Viver é coragem e força. Coragem para recomeçar e fazer diferente. Força para titubear e andar devagarinho. Viver é disciplina para seguir dia após dia na aposta do novo, mesmo em face do que já é velho e gasto. Viver é sentir-se livre em meio a tantas amarras que nos são impostas.

Em virtude dessa dimensão enorme do viver, estou aqui para contar que outubro iniciou-se com uma rasteira, que me fez ir ao chão, metafórica e literalmente. A primeira não vale a pena relatar, mas a segunda vale pelo riso (o que é sempre bom). Por conta da dificuldade de controlar a abertura e fechamento das pernas, devido ainda à última cirurgia, caí, ou melhor, os pés deslizaram um para cada lado e deixaram-me estatelada no chão na clássica posição de ballet, em total abertura de pernas. Seria uma posição erótica, se não fosse ridícula; seria uma cena belíssima se estivesse num palco e não na minha sala. Podem rir. Foi uma cena cômica. E muito dolorosa. Mas já passou e os exercícios de musculação estão me deixando mais firme. Em todos os sentidos.

As quedas têm uma função: nos deixam mais fortes. O mês seguiu com a música de Lui Coimbra e seu violoncelo (uma agradável descoberta), o violão bossanovista de Toni Barreto, as gargalhadas da Beth, minha amiga de muitos anos, as conversas com a Ju, que enlargueceu o meu círculo de amizades ao compartilhar suas amigas, a comemoração do aniversário da Marcia Limani, minha professora de cerâmica, a visita da minha mãe e de uma de minhas irmãs, e terminou com a Cíntia vendo e comentando as fotos da minha viagem.

Após as chuvas de outubro, novembro abriu em sol e voltei aos passeios de bicicleta. A vida social continua intensa. Foi tempo de ouvir o chorinho na praça, de almoços e lanches, com a Ju, a Lurdes, a Beth, a Eliene, o filhote. Uma ida ao Clube das Mulheres (merecia uma crônica, daquelas bem reflexivas e com uma pitada sociológica, com fotos ilustrativas) e ao Museu Nacional de Belas Artes para ver a exposição do Chagall (belíssima), lançamento do livro do Maurício da Silva, um professor que muito me inspirou, e a oportunidade de rever a professora Themis, uma querida que nos fez analisar várias gramáticas da língua portuguesa e perceber as disparidades e concepções ideológicas que há em cada uma delas. Mais uma comemoração de aniversário, dessa vez com muita dança, e mais música, popular brasileira no Rio Scenarium, e Carmina Burana com o grupo de música antiga da UFF (um trabalho magnífico de resgate da música medieval e renascentista). Apresentei um texto sobre Pedro Paixão, escritor português, em uma mesa redonda, no Simpósio Internacional de Letras Neolatinas, na UFRJ, e participei de um workshop sobre fotonovelas digitais, organizado pela Suzana Vargas. Fui à Mostra de Videografismo, a convite da minha colega de trabalho, Sheila Suzano, e ainda assisti a um esquete de humor (stand up comedy). E o mês nem terminou!

Está sendo também um período de volta às consultas médicas e daqui a algumas horas será a vez do oncologista. Com certeza dirá que está tudo bem, pedirá alguns exames. Afinal, estou realmente bem disposta. Estou viva.

O mais importante, contudo, até mesmo urgente, antecedendo o relato das férias, que virá em breve, é registrar aqui alguns agradecimentos (ainda que os já tenha feito pessoalmente).

Ao meu amigo José Loureiro e sua esposa Celeste, que me receberam no Porto com atenção e afeto. Eles são proprietários de dois apartamentos na Ribeira e os alugam para pequenas temporadas. Hospedei-me em um deles e passei dez dias com muito conforto, desfrutando a paisagem belíssima do rio Douro. Além disso, há o restaurante Vinhas d'Alho, igualmente de propriedade do casal, onde pude saborear pratos portugueses, servidos com elegância, em um ambiente de bem estar. Deixo o link para que conheçam, virtual e pessoalmente: www.ribeiradoporto.com

A minha amiga Cinda, de Ovar, uma mulher determinada, simpaticíssima e muito agitada, que me recebeu em sua casa e conduziu pelos arredores da cidade. Com ela pude conhecer a Guida e saborear a hospitalidade e a mesa da Isabel Alegria e de seu marido. Na "casa dos avós", tive o privilégio de estar mais uma vez com a Natty, uma pessoa linda, que me deu muitos mimos. Com vocês, meninas, senti-me em casa.

À Manuela, de Alcobaça, que também abriu-me as portas de sua residência e me recebeu com um abraço longo e muita simpatia.

Ao Rui Germano, por me presentear com a hospitalidade, a elegância e doçura de sua mãe, Cacilda Germano, e com a atenção de sua irmã Isabel, em Rio Maior e em Lisboa. Rui ainda me integrou ao grupo de Rosa, Esperança e assim me foi possível passar um fim de semana em Faro, assistir a representação da peça, conhecer a cidade e a Isabel Guerreiro, passar horas agradáveis e divertidas com Nela e Paulo Azevedo, CrisJ, Cristina Vicente, Alda e Zé Manel, e Tó Vieira.

A todos os integrantes da peça Rosa, Esperança por me terem recebido como se do grupo fizesse parte.

À Isalenca pela recepção calorosa em Lisboa, a conversa inteligente em volta do Parque das Nações, pelas indicações de lugares a visitar, e organização do almoço em que pude estar pessoalmente com as meninas Gigi, Lina, Maguie e Liliana.

As fotos virão em outro post, a hora já vai muito adiantada e o sono, atrasado.

Beijinhos

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Odete



Conheci a Odete aqui no blog e trocamos alguns mails durante algum tempo. Hoje soube de seu falecimento no dia 9 deste mês. Há três anos lutava contra o câncer, primeiro na mama, depois nos ossos. Mais uma guerreira do norte de Portugal!

Descansa em paz, minha querida.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de sol, festa no mar, Maisa a passear...

Queridas amigas e amigos,

Desde meu retorno das férias (e ainda devo um relato dos dias incríveis!) que o Rio de Janeiro vê-se às voltas com dias chuvosos e céu cinzento. Hoje o sol nos presenteou (e celebrou finados), o céu azulou e fiquei muito feliz. Eu e toda a população da cidade! As ruas vestiram-se de festa, as ondas serpentearam nas praias, o vento acariciou a pele e amenizou os 30 graus de temperatura. Acordamos tarde e tomamos o café da manhã fora, meu B e eu, e a namorada. Depois, um passeio de bicicleta e muitas paradas para fotografar. Na volta para casa, descubro que estou sem as chaves!!! Quase me irrito com a situação, mas o telefone me salva. Vamos almoçar? Sim, amiga Ju! E lá vamos nós às trutas e saladas. Uma caminhada, o sorvete, a conversa animada. Volto na tarde que entardece, passa das 18 horas, a casa já povoada, a porta que se abre. Um dia muito bom. Como deveriam ser todos os dias...

Beijinhos.