quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dia de combate ao câncer

Breve história das pesquisas sobre o câncer

8–04–2010 – Recomendar!Enviar para e-mail
 
por Daniel Lopes – Hoje é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Se em 2007 os diversos tipos de câncer mataram mais de 7 milhões de pessoas, há uma previsão da ONU de que em 2030, 17 milhões de pessoas morram em decorrência do câncer – aumento calculado a partir das estimativas de crescimento populacional e da longevidade.
A busca pela compreensão da doença tem uma longa história, mas os estudos das últimas décadas, particularmente, facilitados pelo advento da biologia molecular, propiciaram progressos enormes no entendimento de como se comportam as células cancerígenas. Um tratamento bastante eficaz contra o câncer pode não estar muito longe.
O Amálgama aproveita a data de hoje para recapitular a história e a pré-história das pesquisas sobre o câncer.
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1500 a.C. é o ano dos primeiros casos documentados de câncer (ainda não com este nome), no Egito antigo. Papiros informam 8 casos de tumores na região do peito, tratados com cauterizações que não tinham a intenção de curar os pacientes, mas de servir como paliativo. Para os egípcios, o câncer era causado pelos deuses.
Hipócrates (460-370 a.C.), o “pai da medicina”, criou os termos carcinos e carcioma, que descreviam, respectivamente, tumores que ocasionavam e tumores que não ocasionavam feridas. A partir daí, o médico romano Celsus (8-50 a.C.) apareceria com o termo câncer. Galeno (130-200), outro médico romano, utilizou oncos (“inchaço” em grego). Hoje, o termo de Celsus é largamente utilizado para se referir aos tumores malignos, embora os especialistas em câncer sejam, como sabemos, os oncologistas.

-- Hipócrates --
Hipócrates acreditava que o que causava a doença era excesso de “bílis negra”, hipótese que durou de pé por muito tempo, até que, na Renascença, várias dissecações de cadáveres falharam em encontrar tal matéria. No século XVIII, especulou-se que o câncer crescia a partir de linfa coagulada. Em 1761, Giovanni Morgagni passou a realizar autópsias para traçar uma relação entre a doença do indivíduo e os achados patológicos no exame pós-morte. Aplicado a cadáveres de pessoas que sofreram de câncer, esse método criou as bases para o estudo científico da doença.
No século XIX, o uso do microscópio permitiu um avanço maior nos estudos, e Rudolf Virchow chegou à conclusão de que o câncer era uma doença das células. Se, com os olhos desarmados, Morgagni havia ligado o desenvolvimento clínico da doença ao laudo das autópsia, Virchow entraria em cena com a patologia microscópica. Em 1877, Mstislav Novinsky comunicou que havia conseguido transplantar tumores. Na última década daquele século, Ludwig Rehn associou a exposição de certos trabalhadores a aminas aromáticas com o câncer na bexiga, e assim abriu o importante caminho para a descoberta de substâncias químicas cancerígenas.
O início do século XX testemunhou o estabelecimento da cultura de células; a revelação de evidências sobre os vários estágios e os diversos fatores do processo cancerígeno; a redescoberta das leis da hereditariedade de Mendel; o início de estudos genéticos com camundongos (por Ernest Tyzzer) e drosófilas; e a identificação dos primeiros vírus causadores de tumores (em galinhas). Algum tempo depois, a descoberta desses vírus permitiu que se encontrasse o primeiro oncogene (Src), o que por sua vez abriu caminho para as pesquisas do câncer com base na biologia molecular. Em 1914, Theodor Boveri profeticamente disse que os cromossomos seriam as correias de transmissão da hereditariedade e que eram exatamente os defeitos nessas correias que causavam câncer.

-- Theodor Boveri --
Durante o século XX, o desenvolvimento de estudos biológicos e o surgimento de tecnologias como o raio X propiciaram um poderoso motor às pesquisas do câncer. Outros campos que se desenvolveram: bioquímica e metabolismo intermediário (1920 a 1950), estudos sobre DNA/ácidos nucleicos (1950 até hoje) e, nos últimos anos, sobre cópia genética, controle das expressões genéticas e genômica.
Para o combate ao câncer, a recente descoberta (inicialmente em plantas) de buracos regulatórios em minúsculos RNAs presta e prestará uma contribuição inestimável. O interessante é que tal descoberta foi imprevista, o que sugere que nos próximos anos novas e prováveis descobertas da biologia celular alargarão consideravelmente nossa compreensão do comportamento das células cancerígenas, e de como devemos agir para tratar a doença com eficácia cada vez maior.
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Parte do público leigo pode se manter atualizada sobre os avanços nas pesquisas sobre o câncer visitando regularmente sites de periódicos como o British Journal of Cancer e o Journal of Cancer Research and Therapeutics. Para informações sobre políticas públicas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil, a referência é o Instituto Nacional de Câncer, ligado ao Ministério da Saúde.
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Este post foi feito com pesquisa e tradução de trechos de artigos dos seguintes sites: Cancer Research, American Cancer Society e About Cancer. Imagem na abertura: célula cancerígena se reproduzindo.

Fonte: www.amalgama.blog.br

6 comentários:

O Baú do Xekim disse...

yaneandrOlá bom dia.

Pra si e família, um feliz fim de semana.

Beijinhos.

IsaLenca disse...

Passei para dar um beijinho.

Cristina J. disse...

Bjinhos May.

Goza bem o fim de semana...

Teresa disse...

Olá, May, muito obrigada por esta partilha tão interessante. Ainda que eu estivesse bem na ignorância sobre o cancro, gostei de saber mais sobre ele. Conhecer bem o único inimigo da minha vida é a melhor forma de lhe fazer frente.
Um beijinho,
TeresaP

justme disse...

Oi May, como vai? Bjs. um óptimo fds.

Cristina J. disse...

Novamente... bejinhos May!!!!!!!!

tudo bem contigo?