quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Esse aparelho respiratório está estranho...

A coisa por aqui está um tanto complicada. Sinto um cansaço, a respiração curta... melhora quando faço nebulização. Às vezes dá um medozinho...
Amanhã tenho consulta com o oncologista, vamos ver o que tem a me dizer...
Hoje estou meio assim...

domingo, 19 de setembro de 2010

De volta ao blog!

Pois é, mais de dois meses sem postar no blog, poucas visitas aos blogs amigos... Andei mais no facebook, talvez por ser mais rápido, embora bem mais superficial. A vida seguiu seu curso, o tempo me parece cada vez mais escasso e a vontade de escrever também. Meu B partiu para a Austrália, no dia 10 de agosto, está bem e só deve retornar em fevereiro do próximo ano. Sinto saudades, mas consigo viver bem sozinha e já estava na hora da ave lançar-se ao voo próprio. Tenho as atividades de rotina da casa, preparo os originais de um livro de uma amiga, faço um curso sobre mídias na educação, na modalidade on line, ainda estou de licença na escola, por incompetência do setor responsável, que, simplesmente, deixou de dar andamento ao processo de readaptação, desempenho a função de professora tutora em um curso de graduação semipresencial (me parece mais uma forma de as universidades subcontratarem professores)... 

Em julho participei de um curso interessantíssimo no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. O tema foi "biografias: trajetórias e escritas culturais". As biografias estão cada vez mais em voga, porém não são mais os grandes personagens e os grandes feitos que são focalizados. O interesse agora é sobre o indivíduo e suas trajetórias, os lugares e objetos. O objetivo do curso foi justamente refletir sobre as relações entre o biográfico e o popular. O que possibilita um novo olhar sobre o país e sua história cultural. Foi uma boa oportunidade de conhecer novas pessoas e rever antigas amigas.

Outra coisa interessante foi participar de um concurso público para professora de uma universidade no meio do sertão nordestino. Confesso que senti uma dificuldade imensa em me concentrar nos estudos, e não me saí muito bem, mas adorei conhecer o sertão (já conhecia o litoral nordestino). Havia candidatos de norte a sul do Brasil, fiz novas amizades e conheci lugares incríveis. O interior do Brasil já não é mais tão pobre como antes e está conectado à web. Percebi que há muitos recursos financeiros na região que visitei, a chapada do Araripe, e aparentemente são bem empregados. Na cidade do Crato contei duas grandes universidades e umas quatro faculdades, três ou quatro hospitais, ruas pavimentadas, limpas e arborizadas (vegetação baixa, é verdade), casas bem cuidadas. Durante o dia o sol castiga a pele e as andorinhas fazem festa, à noite o vento grita nos ouvidos e esfria a terra vermelha, o ar é seco.

O único geopark da América do Sul, está no Crato, ligado a Global Geoparks Network, "o GeoPark Araripe está localizado nas antigas terras dos índios kariris, ao sul do Estado do Ceará, no nordeste do Brasil. Nesta região há um importante pólo industrial, comercial, religioso e cultural nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri." Tive o privilégio de conhecer todas estas cidades.

A região do Cariri é como um oásis em meio à caatinga. As rochas de seu subsolo absorvem as águas da chuva e as devolvem em forma de inúmeras fontes ao pé da chapada do Araripe. Abaixo das nascentes há vários depósitos de fósseis, que registram a rica biodiversidade que existia há mais de 100 milhões de anos, e no alto da chapada há uma floresta com espécies raras e endêmicas de aves e samambaias. Existem atualmente 59 geossítios inventariados que mostram a geodiversidade da região, tanto do ponto de vista científico e pedagógico, quanto os aspectos culturais e turísticos. A cultura popular se manifesta no ritmo das congadas e reisados, o cordel conta histórias materializadas pelas xilogravuras, o artesanato é feito em madeira, couro e barro, e a religião tem forte influência, não fosse esta a terra de Padim Ciço (Padre Cícero).

A gente do sertão é amável, com um olhar desconfiado, mas muito receptiva. O falar é cantado, doce. O ritmo da vida é mais vagaroso, sem stress, eu bem poderia viver por um tempo no Crato, tudo o que quero agora é uma vida com mais qualidade, sem a correria dos grandes centros. Em princípio detectei dois problemas, além da secura do ar, a lentidão da conexão à internet e a questão dos transportes. Há linhas de ônibus, mas não têm ar condicionado, e a grande maioria da população utiliza as vans (topics), quase que transformadas em pequenos ônibus. Na hora do rush, algumas pessoas viajam em pé, com o corpo dobrado. Muito desconfortáveis. Há um metrô de superfície que faz a ligação Crato-Juazeiro, mas só conta com uma estação, distante do centro.

No sertão aprendi como cuidar dos cabelos encaracolados. Ahahahaha. Conheci Ruth, vinda de Brasília, também para participar do concurso, na área de artes, e ela me ensinou. Um jeito muito fácil, usar um leave in antes do secador! Minha cabelereira que me aguarde! Vejam como ficaram lindos:


Tudo que é bom dura pouco. As pequenas férias terminaram, voltei ao Rio nos primeiros dias de setembro, meio resfriada, meio sinusitada, em meio à correria de um trabalho novo, à preparação para receber uma amiga de São Paulo e às atividades rotineiras. O cabelinho resistiu um bom tempo, e logo providenciei meu leave in e usei uma, duas vezes. Na terceira vez, o sistema respiratório já bastante debilitado não resistiu (já havia dado sinal no dia anterior) e quase fiz o edema de glote novamente. Corri para a emergência, me injetaram cortisona, soro e me colocaram no oxigênio. É claro que a culpa não é do leave in, ele foi apenas a gota da água no somatório de fatores: sol, vento, ar seco, poeira, cheiro de tinta (mandei pintar o quarto do B), algumas situações estressantes e pronto, lá se foi por água abaixo a semaninha tranquila das férias. Mas sou uma pessoa de sorte, na hora da crise a veterinária do Bartô estava aqui e me ajudou um bocado. De qualquer forma, senti um medo danado de morrer sozinha, sem ver meu B. Ainda bem que tudo passou, agora estou melhor, com quase 100% de capacidade respiratória, medicada e fazendo nebulizações e sem usar nada, nem mesmo um simples hidratante. Neste momento preciso ficar longe de todos os cheiros, fortes ou fracos. Na próxima semana, tenho consulta com o oncologista e vou relatar o fato, provavelmente vai me encaminhar para aquela bateria de exames (os resultados dos exames do primeiro semestre foram todos ok!) e a vida vai continuar. Só não quero mais ter sustos deste tipo. É tão bom estar viva! 

Por falar no Bartô, ele está muito bem, o tratamento com a acupuntura (e fisioterapia) praticamente o rejuvenesceu, voltou a ter força nas patas traseiras!!!  

Volto durante a semana para colocar as fotos dos lugares que visitei. São muitas e preciso fazer uma seleção.

Saudades das amigas de além-mar, que hoje realizaram o II Encontro Rosa Esperança.

Beijos