sexta-feira, 16 de maio de 2008

apenas querem explodir

o título é o blog da Anna Azevedo
colega de UFF, vibrante, matreira,
sorriso de liberdade,
desafiadora!!!
fagulhas, agulhas, águias
voadoras.
somos.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dia das mães II



Após adoçar o coração das meninas, com a foto anterior, deixo aqui um Van Gogh natural.

Para acariciar o coração.


Dia das mães



O melhor presente da minha vida!


domingo, 11 de maio de 2008

Queda livre


Momento difícil. Os cabelos caem terrivelmente. Escová-los tornou-se um tormento, lavá-los, pior ainda! Acordar significa ver minha imagem desfeita em fios sobre o travesseiro. Entendo, agora, o desespero de alguns homens. Principalmente daqueles que puxam o último fio e o jogam para a frente, a fim de esconder a calvície. Faço mais ou menos isso, tento preencher o vazio que cresce no alto da cabeça.
Até então, conseguia lidar bem com o câncer, afinal não tenho cara de doente, muito pelo contrário, a aparência está ótima! Tenho forças (e ânimo) para andar, correr, enfim, ter uma vida normal. É certo que atualmente disponho de dois registros identitários: o documento oficial, igual ao que todos têm, e a carteira de paciente do INCA, que não sai mais de minha bolsa. Esses documentos, entretanto, não estão visíveis a quaisquer olhos. Começar a perder os cabelos me põe frente a uma outra realidade. Agora, o câncer se materializa no visual, os fios matinais (e os que se espalham por onde quer que eu passe, uma chatice!) me fazem lembrar que desse momento em diante ficará evidente para qualquer pessoa que sou alguém em tratamento quimioterápico.
Saberei encarar os olhares alheios? Compreenderei a voz do espelho em todas as manhãs que virão? Ouço com freqüência o seguinte: "não se antecipe, viva uma etapa de cada vez". Pelo sim, pelo não, comprei uns chapéus lindinhos, umas fitas formosas e ganhei lenços (de duas irmãs muito fofas, jovens, minhas vizinhas). Assim vou me preparando para a inevitável carequice. Inevitável e ... transitória. Como todas as coisas, enfim.
Que me acompanhem a leveza e o riso!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Língua presa


Há dias assim, as palavras dançam, num rebuliço de vôo;
em outros, deixam-se ficar embaralhadas, num silêncio de névoa.
Há dias em que as palavras se fazem fúria de vento.
Hoje elas muralham na garganta, em olhos de mar.

domingo, 4 de maio de 2008

Língua afiada

O sabonete Dove realmente tem uma excepcional qualidade, mas assim como não consumo produtos chineses, por conta do desrespeito aos direitos humanos e dos animais, vou ter que deixar de comprar o sabonete. É incrível que uma empresa do porte da Unilever não rastreie seus fornecedores! Como podem permitir que destruam as matas, sem exigirem o replantio das árvores abatidas?
Atenção Dove/Unilever! Os consumidores do século XXI têm voz ativa! As vendas já caíram bastante e vão cair muito mais. Só um pedido de desculpas não resolve.

Relembrando Luther King

Em 1968, eu tinha dez anos e já havia lido o Dom Quixote, de Cervantes. Martin Luther King afirmava "I have a dream". Meu sonho, como o de toda menina, era crescer rápido, mas meu desejo não era chegar à maioridade, eu queria ter logo 40, 50 anos. Acreditava que nessa faixa etária alcançaria a sabedoria. E ao mesmo tempo morria de vontade de embarcar numa máquina do tempo rumo ao ... passado! Paradoxal? Sim e não. Nossa caixa de sonhos comporta tantos paradoxos. Outro exemplo: já quis ser jornalista e piloto de fórmula um. Ahahahaha. Hoje nem mesmo dirijo. Por pura comodidade.
Mas foi nessa idade que comecei a perceber as desigualdades, as diferenças marcadas pela exclusão, pelo desrespeito, pelo preconceito, pela intolerância.

Dom Quixote e Luther King sonharam. O primeiro permanece no sonho, o segundo foi impedido de ver o seu (quase) realizar-se. Revendo os quarenta anos de 1968, percebo que alguns sonhos alavancam nosso caminhar, outros iluminam o percurso, uns se concretizam, muitos não. Hoje vivemos num
tempo-espaço comprimidos, tudo ao mesmo tempo-agora-em todo lugar. Ainda é possível sonhar?

Aos 50 anos, compreendo que a tal sabedoria manifesta-se com uma certa lentidão (o que é bom, assim ainda tenho muito o que aprender) e como o ativista negro, sem a pretensão de me comparar a ele, posso dizer: eu tenho um sonho. Construído com a força das palavras-ações de Luther King, de Graciliano Ramos, de Paulo Freire e de algumas outras vozes e transformado em sementes lançadas nas minhas salas de aula. Certamente não o verei realizado, mas isto não importa muito. O mundo continua a caminhar, os passos estão menos desequilibrados, as pessoas se conscientizando cada vez mais... Otimista, eu? Talvez.

quinta-feira, 1 de maio de 2008