quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009, um ano português (Feliz 2010!)




Um começa, o outro finda. Assim passam-se os anos e a cada vez acreditamos que o novo será melhor. Recuso-me a fazer o clássico balanço, registro apenas que foi um ano de muita dificuldade e algumas perdas. Decido que 2009 será lembrado como marco da travessia, em que cruzei o Atlântico e minha vida deixou-se impregnar por outras vidas, outras paisagens. Dos momentos vividos, muito rápidos e intensos, ficam a alegria e carinho das amigas e amigos portugueses, a beleza dos plátanos em tons outonais, a coragem e a força das margens do Douro, a luminosidade das tardes na Ribeira, os doces na esplanada, a grandeza do Tejo (tantas vezes lida), o sol da ria Formosa, o céu de Lisboa (quase igual aquele do Wim Wenders), a música e o vento no Castelo de São Jorge, a dignidade da Rosa e a emoção da Esperança nos palcos de Ovar e Faro.

2009 é de vocês, amigas e amigos da terra de Camões e Pessoa (e de tantos outros que enriqueceram o meu imaginário). Mais uma vez agradeço de coração a acolhida, a amizade, e sobretudo a presença constante aqui no blog.

As amigas e amigos brasileiros não precisam ficar enciumados, há também um lugar especial para vocês, na memória e no coração. E o meu agradecimento.

A todos, desejo um 2010 feliz, com muitas alegrias e realizações. E muuuuuuuuuuuita saúde!

Beijos


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Alguma noticia e... Feliz Natal para as amigas e amigos!

Já tenho o resultado da colonoscopia. Está tudo bem com o intestino e adjacências. Oba! Uma preocupação a menos. Ficam faltando o laudo da ressonância e dos exames de sangue. E tenho ainda um novo exame: endoscopia. Há mais ou menos um mês sinto uma queimaçao na boca, a digestão difícil, às vezes uma sensação de entupimento do esôfago. Falei com a minha homeopata e começamos a tratar o fígado, depois o estômago, e a coisa não melhora. Assim, volto ao hospital para o novo exame, mas só na primeira semana de janeiro.

Por enquanto animo-me com a nova pintura da casa, com um detalhe diferente aqui e ali, tudo bem devagar para não sair muito caro. Minha licença no trabalho foi renovada por mais 90 dias, o que é bom e ao mesmo tempo não é. Enfim, não quero pensar nisso agora. De certo mesmo é que em janeiro e fevereiro esperam-me as consultas médicas já agendadas. Meus planos eram outros. Se bem que os planos podem ser mudados... as consultas também... Vamos ver...

Estou caindo de sono, aliás, a semana foi muito cansativa, não parei um segundo e nem mesmo fiz tudo o que deveria. A musculação, por exemplo, ficou capenga. Nossa, como é chato fazer musculação, que coisa repetitiva!

Fechei a semana levando o Bartolomeu, o golden retriever, para fazer exame da pelve e articulações coxo-femurais. Resultado: displasia severa, com alterações osteoartrósicas e formação de espondilose anquilosante lateral. Há muito mais termos técnicos, mas estes já me dão notícia de que a situação não é simples. É claro que fiquei triste e até mesmo me senti um pouco culpada. Afinal, venho percebendo há algum tempo a dificuldade que ele tem para se equlibrar nas 3 patas para fazer xixi. Mas preciso me perdoar. Estava cuidando de mim. E cansei de ser super. Cansei de me atribuir responsabilidades em excesso. Cansei, cansei, cansei...

Esse post tomou um rumo diferente. Ficou chatérrimo.

Desejo um Natal muito feliz para as minhas amigas e amigos, que todos possam estar com as pessoas que mais amam, que esqueçam a dieta e se deliciem com as guloseimas, que ganhem muitos presentes, gargalhem muito e tenham muuuuuuuuuita saúde.

Beijocas

(Deixo umas fotos do Bartô, meu lindo e dengoso cão, bem fresquinhas, algumas mais antigas)









quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dia de exame

Ufa! Hoje foi dia de fazer a ressonância magnética. Ai, mesmo sendo um exame simples, sempre me causa um pouco de stress, e como demora! São dois em um: pelve e abdômen, com contraste na veia. Mas correu tudo bem e agora aguardo o resultado.
Na próxima segunda-feira, vou passar o dia no hospital. Farei exames de sangue e a colonoscopia. Esse último é muuuuuuuuuuuito chato. O domingo vai ser à base de líquidos, o intestino tem de ficar bem limpinho, e no dia ainda terei de ingerir mais líquido, acho que vai ser o manitol, argh! E tem a anestesia, o sedativo, como eles dizem. Enfim, espero que tudo acabe bem.

Facebook

Gente, acho que enlouqueci. Como se não me bastassem os endereços eletrônicos para gerenciar, mais o blog, orkut, msn, messenger do yahoo, e outras coisitas mais, agora também estou no facebook, twitter, flickr e skype. Ah, também estou lá no "Limpar Portugal", da Cinda. Antes era um sufoco acessar as informações e comunicar-se com as pessoas à distância. Hoje há um exxxxxxxxxxxxxxxxxcesso de informação e de vias de comunicação.

Bem, desses novos, o facebook é o que está mais ou menos ativo. Hoje dei de cara com um mail dizendo que não apareço por lá, que tenho não sei quantas solicitações e sugestões... Legal "ele" se preocupar com a minha ausência. Mas confesso que o acho um tanto confuso e ainda tem os jogos!!!!!!!!! Sou uma mulher pós-moderna, antenada, adoro as novas tecnologias, mas, por favor, me digam, como conseguem gerenciar tudo isso?

Novos amigos

Um abracinho especial para as meninas que têm me visitado aqui: Madalena, Natália, TeresaM, TeresaP, Karin Fromm e para o menino Xekim. São todos muito bem-vindos! Que nossa amizade cresça!




Desafio


Outro dia a Alda me desafiou e só agora respondo. Preciso completar as frases:


Eu já tive... muita vontade de ser médica!


Eu nunca... me canso de aprender, descobrir e conhecer.


Eu sei... que hoje é o dia!


Eu quero ...viajar muito, conhecer novos lugares e pessoas interessantes e fazer tudo o que me apetecer (ufa!). Ah, e quero que o meu B seja muito feliz, saudável e realize os seus sonhos!


Eu sonho ...com um mundo mais sadio para todos, com governantes realmente comprometidos com o bem, com cidadãos mais conscientes e que as empresas e laboratórios farmacêuticos parem de inventar novas doenças, se esforcem mais na prevenção do que na reparação!


E... segundo diz, tenho que passar a 10, e estes valem a pena! (Vou colocar só os nomes)


Lou Magalhães, Natália, TeresaM, TeresaP, Madalena, Xekim, Ana Azevedo, Karin Fromm, Lia, Isabel Carvalho.


Animem-se! O fim de semana está chegando...

Beijocas

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Parabéns, amiga Cinda!!!!


(Foto: Tó Vieira)
Cinda, minha amiga portuguesa faz aniversário hoje.
Muitas felicidades, MUITA saúde, muitas alegrias, muitas realizações!
E um grande beijo da amiga brasileira.

Um presentinho para a sua coleção (foto retirada da net)

domingo, 29 de novembro de 2009

A arte salva?

Uns dizem que sim, outros afirmam que não. A arte transforma, diverte, alimenta. Provoca. É a minha opinião.

No sábado, fui ao Oi Futuro, há sempre algo interessante para ver. Assisti com calma as apresentações de videografismo e à performance de Maria Lynch. Uma performance sonora, chamada Corespaçoforma. Três bailarinos se movem ao som de ruídos, os corpos anulados pela roupagem colorida e a respiração quase imperceptível transformam os seres numa massa de cor. Estranho. Lúdico. Intrigante
.










Na rua, o homem perguntou: o que é isso? e respondeu: ah, é um evento. Seguiu adiante.













Vó que dança na rua

Ontem também foi dia de Primavera dos Livros, uma feira de livros organizada por editoras pequenas, com estandes padronizados e muitas flores. No jardim do Museu da República. Escolheram uma data ruim, fim de mês (ano passado foi a mesma coisa). Até havia livros baratinhos, mas estou controlando as despesas, cartão de crédito só em último caso. Vi algumas caras conhecidas, gostei de ver as crianças cantando, encontrei a Lou do blog comentalidades e seu neto inteligente. Ficam as fotos.

Mesa-redonda sobre literatura de cordel
No meio da multidão, o poeta Carlito Azevedo













Lou, a vó que dança na rua e também faz arte
E seu neto inteligente e eu


















Sexo com Madonna
Na sexta, conheci um espaço super legal: Telezoom, na Dias Ferreira, a rua mais in do Leblon. Numa cobertura muito charmosa, as pessoas se encontram para falar de música, cinema, literatura e dizer muitos poemas. Foi a noite de Mano Melo, poeta, escritor, ator, uma figura muito simpática, nascido no Ceará, cidadão do mundo. O sexo com Madonna aconteceu no poema (eu acho!). Seus convidados também deram um show. Claufe Rodrigues, Tavinho Paes e muitos outros. Encontrei a Antonella Catinari, escritora e professora, terminamos a noite no Cafeína, onde degustei uma tartelete de damasco.



As charmosas












Multiplicidade


Arto Lindsay, americano criado no Brasil, provocou orgasmos e distorções com sua guitarra, na plateia modernosoa que lotou o pequeno auditório, na quinta-feira, também no Oi Futuro. Nas mãos do músico, o instrumento geme, range, berra, estronda. Masturbação profunda. Ele cantou em inglês e em brasileiro (hum, percebem?!). Bossa nova. Uma hora apenas. E começou com atraso. Seco. Complexo. Dessa vez não levei a máquina fotográfica. Mas se quiserem saber mais ou ouvir, o carinha tem myspace, é só colocar o nome no google. Adorei.



Meu fígado anda mal. Percebo isso no meu humor. Hipócrates tinha razão. Aristóteles, idem. A arte pode ser catártica. E não pensem que estou montada na grana. A maior parte dos eventos não me custou um centavo. Divirtam-se!

domingo, 22 de novembro de 2009

Invenções na cozinha (acho que para comemorar...)


Tenho algumas habilidades e alguns talentos (como todo mundo, é claro!), mas dotes culinários passam ao largo. Hoje, porém, estava com vontade de comer bacalhau, bertalha e ovos cozidos. Gosto de inventar na cozinha, esse negócio de seguir receita ao pé da letra não é comigo. Então peguei o bacalhau ligeiramente desfiado, acrescentei uns pimentões coloridos, salsa, cebola, queijo cremoso e um fio de azeite. Coloquei no forno. Refoguei a bertalha e cozinhei os ovos. Dispostos no prato, assim tão em cores, transformaram o almoço em bálsamo. O sabor levemente adocicado do pimentão vermelho ofereceu um contraste amigável ao bacalhau.



Passaram-se dois anos

Foi uma forma de comemorar o fato de estar viva, passados dois anos da primeira cirurgia, que ocorreu em 22 de novembro de 2007. Ainda não havia deixado aqui um registro de como tudo começou.

O ano de 2007 foi um ano de muito trabalho e de muitos aborrecimentos, inclusive comecei a me desentender com os meus alunos, coisa que nunca havia acontecido. Um sentimento de tristeza e de abandono começou a tomar conta de mim. As férias de meio de ano chegaram, viajei a Paraty, para a FLIP. Na volta, com as energias revitalizadas, percebi um sentimento de urgência, uma necessidade de fazer tudo o que ainda não tinha feito. Um belo dia de agosto, fui até a Pedra Bonita com a intenção de marcar um voo duplo de asa delta. Um desejo antigo, meu B já havia voado e eu queria fazer o mesmo. Cheguei, olhei, perguntei, verifiquei os preços, tomei nota de alguns contatos e saí de lá com a certeza de que... não queria mais voar. Não foi o medo, mas o tal sexto sentido. Se tivesse voado, certamente não estaria aqui agora.


Em meados de agosto comecei os exames anuais, preventivo e ultrassonografia transvaginal. Tudo ok. Em seguida, a menstruação veio e não mais terminou, durante aproximadamente 40 dias. O médico dizia-me que eu estava na peri-menopausa. Receitou-me um medicamento para conter o fluxo sanguíneo e em setembro, ainda sangrando, viajei a Recife. A tristeza havia aumentado. Retornei ao médico e solicitei que colhesse novo material ginecológico, porque, na minha opinião, alguma coisa não estava bem. Acedeu de má vontade. Passado algum tempo, à noite, já deitada, notei um movimento no abdômen, do lado direito. Nas noites seguintes passei a prestar atenção, algo se movia, ora mais à direita, ora para o centro da barriga. Mais uma vez, voltei ao médico e disse-lhe que queria fazer uma ultrassonografia de abdômen.


O exame foi feito no dia 10 de outubro e indicou a presença de um cisto, com 99x68x86mm e volume de 303cm cúbicos. Nesse dia, a tristeza transformou-se em lágrimas e tive certeza de estar diante de um incompetente, ou de um médico sem compromisso com a saúde de seu paciente, o que dá no mesmo. Recorri a outros profissionais, submeti-me a uma tomografia computadorizada e esta confirmou o cisto, porém com medidas maiores e não foi capaz de precisar a que órgão ele estava ligado. Ah, o tal exame do material ginecológico, chamado colpocitologia oncótica, apresentou resultado negativo para células malignas!!!


Na procura por outros profissionais, fui atendida por um ginecologista que, ao saber da imagem cística no abdômen, simplesmente me despachou sem ao menos me examinar. Finalmente encontrei médicos decentes e interessados, que me ouviram, me apalparam, estudaram os exames apresentados e diante das várias hipóteses recomendaram uma colonoscopia, que acusou uma lesão vegetante em ceco. Daí para a cirurgia, uma laparatomia exploratória, foram só mais alguns dias e outros exames, inclusive outra ultrassonografia transvaginal, agora muito mais cuidadosa. E mesmo assim persistia a dúvida quanto ao órgão a que se ligava o cisto.


Na véspera da cirurgia, mais um susto. O médico decidiu realizar uma histeroscopia, com uso de anestesia local, à base de lidocaína, e acabei por fazer um edema de glote. Por pouco não morri na praia. Hoje tenho pavor de anestesias. Voltei ao quarto completamente desarvorada e agitada. Na manhã seguinte, acordei tranquila e pronta para a cirurgia. Foram duas equipes médicas, seis horas de duração e a retirada de todos os órgãos ginecológicos e alguns centímetros do intestino. O pós-operatório complicou-se com a paralisação do funcionamento intestinal (devido ao uso de morfina), algumas tentativas sem sucesso de passagem da sonda nasogástrica, até a chegada do Dr. Carlos Otávio que, gentil, mas firme, resolveu a questão. Passados onze dias de internação, voltei a minha casa.


O resultado da biópsia saiu em janeiro de 2008: adenocarcinoma de endométrio (papilífero seroso e células claras), grau III; adenocarcinoma em ovário e adenocarcinoma de cólon moderadamente diferenciado. As lágrimas não vieram.


Encaminhada para o Inca 2, tive de fazer outros exames, refizeram a biópsia, passei por uma mesa-redonda para discutir a necessidade de outra cirurgia (realizada somente em maio/2009), em abril iniciei o tratamento quimioterápico. As reações foram diversas e variadas, algumas estão relatadas aqui.


A despeito da incompetência de alguns médicos, da falibilidade de alguns exames e também de minha desatenção para comigo, estou viva e bem! Na consulta da semana passada, o oncologista notou que tenho mais músculos e um ar saudável, mas não me isentou de novos exames (ai, que chatice!). Rotina que se repetirá por um bom tempo. Enfim, agora é uma outra história...


Parabéns para mim! Obrigada, amigas e amigos!



quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ainda é tempo de

Outubro foi o mês do meu retorno a minha casa, após as merecidas férias. Não foi uma volta exatamente feliz. A viagem foi cansativa, estava ansiosa por chegar, as novidades que me esperavam não foram boas. Enfim, viver pode ter alguma previsibilidade, porém nenhuma estabilidade. Segurança? Somente as veiculadas nas mensagens publicitárias. E sabemos bem qual é o objetivo que as move. Certezas? Apenas as religiões ainda insistem em propagar a idéia de alguma certeza. Futuro? Isso é conversa própria de mercados financeiros e promessa de políticos obtusos.

Vivo no hoje, agora, nesse instante. (Ou quase, o que significa que tento, a despeito das pouquísimas certezas que tenho, que persistem, insistentes.) Viver, para mim, significa a pulsação intensa, o brilho no olhar, o olho que vê e percebe as oportunidades e as aproveita, o limão transformado em limonada, a inteligência em movimento, o afeto em troca. Sempre o afeto, o interesse interesseiro, nunca. Viver é coragem e força. Coragem para recomeçar e fazer diferente. Força para titubear e andar devagarinho. Viver é disciplina para seguir dia após dia na aposta do novo, mesmo em face do que já é velho e gasto. Viver é sentir-se livre em meio a tantas amarras que nos são impostas.

Em virtude dessa dimensão enorme do viver, estou aqui para contar que outubro iniciou-se com uma rasteira, que me fez ir ao chão, metafórica e literalmente. A primeira não vale a pena relatar, mas a segunda vale pelo riso (o que é sempre bom). Por conta da dificuldade de controlar a abertura e fechamento das pernas, devido ainda à última cirurgia, caí, ou melhor, os pés deslizaram um para cada lado e deixaram-me estatelada no chão na clássica posição de ballet, em total abertura de pernas. Seria uma posição erótica, se não fosse ridícula; seria uma cena belíssima se estivesse num palco e não na minha sala. Podem rir. Foi uma cena cômica. E muito dolorosa. Mas já passou e os exercícios de musculação estão me deixando mais firme. Em todos os sentidos.

As quedas têm uma função: nos deixam mais fortes. O mês seguiu com a música de Lui Coimbra e seu violoncelo (uma agradável descoberta), o violão bossanovista de Toni Barreto, as gargalhadas da Beth, minha amiga de muitos anos, as conversas com a Ju, que enlargueceu o meu círculo de amizades ao compartilhar suas amigas, a comemoração do aniversário da Marcia Limani, minha professora de cerâmica, a visita da minha mãe e de uma de minhas irmãs, e terminou com a Cíntia vendo e comentando as fotos da minha viagem.

Após as chuvas de outubro, novembro abriu em sol e voltei aos passeios de bicicleta. A vida social continua intensa. Foi tempo de ouvir o chorinho na praça, de almoços e lanches, com a Ju, a Lurdes, a Beth, a Eliene, o filhote. Uma ida ao Clube das Mulheres (merecia uma crônica, daquelas bem reflexivas e com uma pitada sociológica, com fotos ilustrativas) e ao Museu Nacional de Belas Artes para ver a exposição do Chagall (belíssima), lançamento do livro do Maurício da Silva, um professor que muito me inspirou, e a oportunidade de rever a professora Themis, uma querida que nos fez analisar várias gramáticas da língua portuguesa e perceber as disparidades e concepções ideológicas que há em cada uma delas. Mais uma comemoração de aniversário, dessa vez com muita dança, e mais música, popular brasileira no Rio Scenarium, e Carmina Burana com o grupo de música antiga da UFF (um trabalho magnífico de resgate da música medieval e renascentista). Apresentei um texto sobre Pedro Paixão, escritor português, em uma mesa redonda, no Simpósio Internacional de Letras Neolatinas, na UFRJ, e participei de um workshop sobre fotonovelas digitais, organizado pela Suzana Vargas. Fui à Mostra de Videografismo, a convite da minha colega de trabalho, Sheila Suzano, e ainda assisti a um esquete de humor (stand up comedy). E o mês nem terminou!

Está sendo também um período de volta às consultas médicas e daqui a algumas horas será a vez do oncologista. Com certeza dirá que está tudo bem, pedirá alguns exames. Afinal, estou realmente bem disposta. Estou viva.

O mais importante, contudo, até mesmo urgente, antecedendo o relato das férias, que virá em breve, é registrar aqui alguns agradecimentos (ainda que os já tenha feito pessoalmente).

Ao meu amigo José Loureiro e sua esposa Celeste, que me receberam no Porto com atenção e afeto. Eles são proprietários de dois apartamentos na Ribeira e os alugam para pequenas temporadas. Hospedei-me em um deles e passei dez dias com muito conforto, desfrutando a paisagem belíssima do rio Douro. Além disso, há o restaurante Vinhas d'Alho, igualmente de propriedade do casal, onde pude saborear pratos portugueses, servidos com elegância, em um ambiente de bem estar. Deixo o link para que conheçam, virtual e pessoalmente: www.ribeiradoporto.com

A minha amiga Cinda, de Ovar, uma mulher determinada, simpaticíssima e muito agitada, que me recebeu em sua casa e conduziu pelos arredores da cidade. Com ela pude conhecer a Guida e saborear a hospitalidade e a mesa da Isabel Alegria e de seu marido. Na "casa dos avós", tive o privilégio de estar mais uma vez com a Natty, uma pessoa linda, que me deu muitos mimos. Com vocês, meninas, senti-me em casa.

À Manuela, de Alcobaça, que também abriu-me as portas de sua residência e me recebeu com um abraço longo e muita simpatia.

Ao Rui Germano, por me presentear com a hospitalidade, a elegância e doçura de sua mãe, Cacilda Germano, e com a atenção de sua irmã Isabel, em Rio Maior e em Lisboa. Rui ainda me integrou ao grupo de Rosa, Esperança e assim me foi possível passar um fim de semana em Faro, assistir a representação da peça, conhecer a cidade e a Isabel Guerreiro, passar horas agradáveis e divertidas com Nela e Paulo Azevedo, CrisJ, Cristina Vicente, Alda e Zé Manel, e Tó Vieira.

A todos os integrantes da peça Rosa, Esperança por me terem recebido como se do grupo fizesse parte.

À Isalenca pela recepção calorosa em Lisboa, a conversa inteligente em volta do Parque das Nações, pelas indicações de lugares a visitar, e organização do almoço em que pude estar pessoalmente com as meninas Gigi, Lina, Maguie e Liliana.

As fotos virão em outro post, a hora já vai muito adiantada e o sono, atrasado.

Beijinhos

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Odete



Conheci a Odete aqui no blog e trocamos alguns mails durante algum tempo. Hoje soube de seu falecimento no dia 9 deste mês. Há três anos lutava contra o câncer, primeiro na mama, depois nos ossos. Mais uma guerreira do norte de Portugal!

Descansa em paz, minha querida.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de sol, festa no mar, Maisa a passear...

Queridas amigas e amigos,

Desde meu retorno das férias (e ainda devo um relato dos dias incríveis!) que o Rio de Janeiro vê-se às voltas com dias chuvosos e céu cinzento. Hoje o sol nos presenteou (e celebrou finados), o céu azulou e fiquei muito feliz. Eu e toda a população da cidade! As ruas vestiram-se de festa, as ondas serpentearam nas praias, o vento acariciou a pele e amenizou os 30 graus de temperatura. Acordamos tarde e tomamos o café da manhã fora, meu B e eu, e a namorada. Depois, um passeio de bicicleta e muitas paradas para fotografar. Na volta para casa, descubro que estou sem as chaves!!! Quase me irrito com a situação, mas o telefone me salva. Vamos almoçar? Sim, amiga Ju! E lá vamos nós às trutas e saladas. Uma caminhada, o sorvete, a conversa animada. Volto na tarde que entardece, passa das 18 horas, a casa já povoada, a porta que se abre. Um dia muito bom. Como deveriam ser todos os dias...

Beijinhos.















quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Feliz aniversário, Cacilda!!!


A doçura do olhar e do sorriso, a elegância e generosidade com que me recebeu em sua casa (em Rio Maior e Lisboa), a força e persistência na luta pela vida, tornam esta mulher especial. A quem agradeço imensamente e desejo o que há de melhor. Parabéns, Cacilda!
(Foto: Tó Vieira)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma nota, simplesmente.

"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar,
e a voltar sempre inteira." Cecília Meireles

Às vezes são tantos os cortes, com tamanha profundidade e em tão curto espaço de tempo que se torna difícil continuar inteira.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Férias!!!! Ainda em férias!

Olá!!!!!!!!!

Como sabem estou de férias, na minha segunda semana, no segundo ponto de chegada...
De frente para um rio famoso, apreciando uma paisagem de cartão postal, sob o sol, num lugar bonito e confortável, cercada de pessoas atenciosas... Tudo muuuuuuuuuito bom, para compensar o lamentável e sofrido contratempo da primeira semana.

Hum, logo contarei os detalhes. Aguardem!

Beijos

sábado, 5 de setembro de 2009

Depressão pós-câncer?

Olá amigas e amigos,

A resposta positiva à pergunta do título pode parecer estranha, sobretudo quando se sabe que as células tortas se foram. Na grande rede há pouquíssima informação a respeito do assunto, mas conversando aqui e ali com pessoas que lidam diretamente com a doença fiquei sabendo que é possível a instalação de um quadro depressivo ao fim do tratamento. O normal, ou melhor, o mais comum, é o paciente de câncer apresentar sinais de depressão durante o tratamento. A descoberta do tumor, os exames, as consultas médicas, os procedimentos cirúrgicos, os tratamentos, as dúvidas com relação à eficácia dos métodos, os efeitos das drogas utilizadas, as angústias pessoais etc etc etc. Tudo isso e mais um pouco minam a resistência do doente de câncer e o fazem entrar no mundo nebuloso da depressão.

No meu caso, posso dizer que vivi alguns períodos enevoados ao longo da quimioterapia, que terminou em setembro de 2008. Ainda assim o ano foi de intensa atividade e muitas alegrias. Os quatro primeiros meses de 2009 também foram difíceis, com uma bruma forte. Em maio meu ânimo renovou-se e no fim do mês submeti-me à segunda cirurgia. E, como sabem, a recuperação foi bastante lenta. Hoje, passados três meses (e quase um ano do término da quimio), percebo que este último período teve um sabor de recolhimento. Estive mais dentro do que fora de casa, principalmente metida com arrumações de armários, estantes e etc. Mais calada e menos afeita à escrita. Visitante quase silenciosa dos blogs amigos. Mais triste, menos feliz.

Vocês certamente estão se perguntando: como esta mulher pode estar assim mesmo sabendo que tudo terminou bem? Há uma explicação plausível. Quando se está na luta pela vida (não pela sobrevivência) os dias se tornam plenos e ensolarados, sua agenda fica lotada (compromissos com médicos, exames, tratamentos, almoços, jantares, chás, festas, passeios, cinema, teatro, cursos...), seus prováveis últimos dias de vida precisam ser encantadores. E podem ser, os meus foram. Os amigos ao redor, a família presente. Uma maravilha os mimos recebidos.

Passada a euforia (e correria) da luta contra o câncer e em seguida a descoberta de que se está livre dele (de que não há sinais evidentes), juntamente com um período pós-cirúrgico, sobrevem, então, um cansaço físico (mental e emocional também), uma vontade de fazer nada, um sentimento de abandono (de estar abandonada e de abandonar-se) e começa-se (ou recomeça-se) a luta pela sobrevivência. Aquela do dia-a-dia, com pouco ânimo, apenas para manter-se minimamente viva. A agenda praticamente em branco, os amigos e familiares redirecionam o foco para suas próprias vidas, afinal você agora volta a fazer parte do mundo das pessoas saudáveis. Só você sabe que suas forças ainda não estão totalmente reconstituídas, que o carinho da atenção e dos mimos recebidos foram e são (ainda são) muito importantes, porém você compreende que a vida continua, ela não para nunca. Nesse momento você nasce mais uma vez. E a dor sentida tem a mesma intensidade (talvez um pouco mais) do primeiro nascimento.

Como retomar a vida agora? Certamente é uma outra vida. Mas qual exatamente? E as pendências da vida anterior, que se mantiveram em suspensão (ou nem tanto)? Vale a pena continuar investindo naquele seu relacionamento? Será possível começar um outro? Estar só é uma boa opção? Filhos? (Melhor não tê-los/ mas se não tê-los, como sabê-los?, já dizia o poeta. Cito de memória). Como se mantém esta relação? O que precisa mudar para melhorar? E a questão profissional? Satisfaz, é prazerosa e rentável do ponto de vista financeiro? ............ Afinal, o que você quer ser quando crescer?

Junte-se a isto o fator climático, bastante relevante para quem vive no Rio de Janeiro. O verão foi chuvoso; o inverno, longo, frio e nebuloso. Em termos gerais, um 2009 à mercê da gripe suína; da crise econômica; da politicagem dos políticos, em campanha pré-eleitoral (2010). Deve-se incluir nessa breve lista a desfaçatez do governador do estado do Rio de Janeiro em aviltar mais uma vez os professores da rede estadual. (Sou professora, não se esqueçam, e faço parte dessa rede).

Aí estão alguns dos ingredientes da depressão pós-câncer.

Setembro chegou, com lua crescente, céu azul e sol. Emagreci um pouco, os cabelos estão mais crescidos (ainda enrolados), minhas pernas estão quase normais e depiladas (não aguentei e passei a "gilete", por enquanto está tudo ok), por recomendação médica dedico-me à musculação, minha irmã faz aniversário no dia 7, a outra no dia 21, minhas amigas portuguesas voltam aos palcos com a peça Rosa, Esperança, a partir do dia 19, e eu decidi sair em férias.

E o Rio de Janeiro é a cidade mais feliz do mundo (segundo pesquisa da Forbes)!!!!!!!!!!! (Ainda exportamos estereótipos...)

Beijos (um especial para a Laura, a menina do sorriso azul)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amizade

Meu carinho e minha ternura para vocês!

domingo, 12 de julho de 2009

Aniversário da mãe e outras notícias

Amigas e amigos,

No sábado passado, dia 4 de julho, minha mãe fez 77 anos. Preferiu não fazer festa, mas a data não passou em branco. Fizemos um almoço em família, em sua casa, com as três filhas, três netos, o mais novo não pode comparecer, as namoradas e os genros. À tarde, cantamos "parabéns", com bolo e salgadinhos. Ela estava radiante, muito feliz, parecia uma menininha, até deu pulinhos na hora da cantoria! Minha mãe sempre foi uma pessoa alegre, vivia cantarolando e continua assim até hoje. Deixo aqui algumas fotos.



Levei uma semana para fazer essa postagem! No sábado à noite, quando voltei pra casa, encontrei nosso gato doentinho. Até resolver o problema, foram três dias de preocupação e cuidados com o Botero. Agora ele já se recuperou, mas continua tomando antibiótico. Uma glândula inflamada o deixou praticamente mudo e imóvel. Se há uma coisa da qual quero distância é a doença! Céus, estou esgotada com relação a este assunto! E Botero, ao longo dos seus dez anos, sempre foi muito saudável e lindo!



Quanto a minha recuperação da cirurgia... a coisa está lenta. Tenho gânglios inflamados nas virilhas e nas axilas. Caminho a passo de tartaruga. Saio à rua e sinto provavelmente o que devem sentir as pessoas que têm alguma deficiência física. Como os seres "normais" correm e esbarram uns nos outros, sem ao menos se desculparem! As calçadas têm mais perigos do que pode supor a nossa vã imaginação! Além dos buracos e outras falhas no calçamento, há crianças aos saltos, estudantes em bandos com as cabeças nas nuvens, bicicletas voando ao nosso lado, e a nossa sensação de impotência e de diferença! Há diferenças que provocam dor e nesse momento desejamos ser iguais. Quero voltar a andar como antes! Será que ainda demora muito? O corpo diz que sim, minha cabeça diz que não. Sei que estou muito ansiosa, principalmente sabendo que estou livre do câncer, penso que posso voltar à vida normal. Não é bem assim, preciso ter ainda alguns cuidados, evitar lugares com muitas pessoas, afinal a gripe suína continua em evidência, não posso viajar, não posso isso, não posso aquilo... Estou cansada de estar em casa, de passar a maior parte do tempo sozinha... Estou tão cansada e ao mesmo tempo tenho tanta energia... Por isso quase não escrevo, não posso ficar muito tempo sentada... Ah, que coisa chata! Com tudo isso, também eu estou muito chata... e chorona.

Ontem assisti, pela TV, é claro, ao show do Roberto Carlos, em comemoração aos 50 anos de carreira. Ainda muito jovem o ouvia e vi seus filmes. Assim como ouvia Michael Jackson. Curiosamente, a música tem um espaço restrito na minha vida, porém algumas tiveram sua importância. Ouvindo RC cantar, me vi retornando ao passado, detalhes tão pequenos... debaixo dos caracóis dos seus cabelos (acho que ele não cantou esta, mas lembrei-me)... e encontrei lá alguns sonhos juvenis... que não se realizaram. Que merda! Acabei chorando mais uma vez. Odeio quando as lembranças entram assim, sem pedir licença. Sempre fui mais do futuro, do que do passado, e a semana que se foi assemelhou-se terrivelmente a um daqueles filmes em que o protagonista repensa sua história de vida, tipo balanço existencial. Exercício doloroso, este, todavia necessário. Há mudanças que precisam ser realizadas! Mas vou pensar sobre isso amanhã. O domingo se despede após ter me visto passar o dia inteiro de pijama novo de inverno, cor de rosa (passei a gostar desta cor), ouvindo o vento debater-se contra as janelas. E foi um fim de semana de convites! Paciência, dias melhores virão. E estarei mais no presente.

Para terminar, um agradecimento especial às amigas e amigos do CEAM que me presentearam com uma linda cesta de café da manhã, também no sábado passado, para comemorar minha volta ao mundo da saúde. Foi uma surpresa maravilhosa!



Beijinhos e uma boa semana para vocês. Cuidem-se bem!

domingo, 28 de junho de 2009

Obrigada, Lina! Obrigada, amigas e amigos!

Queridas e queridos,

Recebi muitos telefonemas, inclusive vindos de Portugal (que alegria!), várias mensagens por e-mail e as deixadas aqui no blog, recebi abraços e beijos, ganhei posts nos blogues amigos. É mesmo uma grande felicidade poder dividir a maravilha desse meu momento.
Reproduzo abaixo o que a Lina publicou no seu blog (brilho dos anjos), porque este texto resume, de uma forma ou de outra, tudo o que li ou ouvi desde a última quinta-feira, e por expressar o modo como encaro a vida atualmente.
Obrigada, Lina!
Obrigada a todas as minhas amigas e amigos!
Sejam felizes!


Maysa :)*

Ame, como se ninguém nunca houvesse feito sofrer...Trabalhe, como se não precisasse do dinheiro...Dance, como se ninguém estivesse olhando...Cante, como se ninguém estivesse ouvindo...Viva, como se fosse no paraíso!Curta o que de melhor a vida lhe oferece com toda intensidade, como se fosse o último dia de sua vida ...A vida muitas vezes é curta, mas mesmo assim seu caminho é longo.Nela aprendemos a sorrir, chorar, amar, sofrer e a renascer, para amanhecer e termos um lindo dia...Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje...o ontem já passou... e o amanhã...talvez não chegará...Seja Feliz Sempre!



Parabéns e muitos anos com saúde!
Beijinhos :)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Io sono felice!!! Acabou! Finished!

Amigas e amigos, meus queridíssimos,

Hoje fui à consulta com a clínica geral, para acompanhamento da sinusite. Tudo ok! Nada de sinusite. E já que estava lá, procurei o ginecologista-cirurgião, na tentativa de antecipar a consulta que estava marcada para o dia 30. Lá estava ele, tranquilão, receptivo, concordou em me atender. Foi direto ao resultado da análise patológica: 15 linfonodos pélvicos direitos, livres de neoplasia; 8 linfonodos pélvicos esquerdos, livres de neoplasia; 17 linfonodos paraórticos, livres de neoplasia; lavado peritoneal, negativo para células malignas; vesícula biliar, livre de neoplasia. Os médicos também ficam felizes!!! I'm free! Livre do câncer!

Chamou-me magrela, examinou a barriga, um pouco distendida, as coxas e virilhas. Há alguns linfonodos inflamados nas virilhas, mais evidentes do lado direito, mas é o corpo tentando se ajustar ao novo formato (afinal, foram muitas perdas!), as coxas também continuam dormentes, receitou uns remedinhos e drenagem linfática dos pés até aos joelhos (somente) e a partir da próxima semana posso voltar a caminhar (para manter o peso, segundo ele). Retorno em agosto, quando, então, ele poderá me liberar para a musculação e hidroginástica. Aguardem-me, vou virar top model! Ahahahahahahahahaha...

Sabem o que ele me disse após terminar os exames? "Agora que tudo acabou, faça uma viagem à Europa". Céus, nunca falei-lhe desse meu sonho! Quando setembro vier, quem sabe?!

Feliz! Feliz! Feliz! Precisava vir aqui dividir essa felicidade com vocês, que me acompanham com amizade e carinho já há algum tempo. Que me deram forças, enviaram energias positivas, ficaram na torcida... Desejo o melhor para todos! Aceitem meu abraço apertado, sincero, meu beijo afetuoso de amizade e agradecimento. E comemorem a nossa vitória!



Muitas pessoas me falam que sou um exemplo, não, não quero servir de exemplo pra ninguém. Quero apenas dar um testemunho da força que cada um de nós possui. Nossa mente tem um poder, ao qual não atribuímos muita importância. Como não professo nenhuma religião, agarrei-me à minha fé no poder da mente, na capacidade que temos tanto de nos adoecer, quanto no nosso poder de cura, procurei envolver-me em situações felizes, a despeito das muitas dores e lágrimas que tentaram me desanimar, em atividades que deixassem meu corpo saudável, em outras tantas coisas que fizessem o meu cérebro continuar ágil e vibrante, acreditei firmemente na ciência e na energia boa que circula no universo.

Hoje creio cada vez mais que somos os únicos responsáveis por tudo o que de bom ou ruim nos acontece. Quando perdemos a sintonia com nosso corpo (em todas as suas dimensões), quando deixamos de nos incluir na harmonia da natureza, quando nos permitimos acreditar nas frágeis ilusões de nosso mundo consumista, quando nos esquecemos de nos dar amor e de oferecer amor aos outros, céus, como a vida parece impossível, num quadro desses! E tudo é tão simples! Ao longo dos últimos 19 meses, vivi um dia de cada vez, mas foram dias imensos, de uma riqueza de gestos mínimos, uma grandiosidade de coisas pequenas, uma percepção cada vez maior da existência e do que lhe é verdadeiramente essencial. Assim pretendo continuar a viver e a aprender.

É claro que ainda preciso me restabelecer da cirurgia, por enquanto não posso sair por aí aos saltos, serei ainda acompanhada pelos médicos durante alguns anos e de vez em quando serei acometida por um medinho. Normal. Só devo me manter alerta para evitar o crescimento desse medo. Essa figurinha feia, aliada à ignorância, são inimigos que devem ser combatidos ferozmente. Mas estou na batalha. A cada dia!

Beijos, beijos, beijos, beijos...


Às meninas (Marina, Maguie, Cristina Simões) e a todas as pessoas que estão vivendo dias menos bons: acreditem! Mantenham o pensamento positivo. Amanhã será bem melhor!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Voltei, um pouco devagar, mas estou de volta!

Queridas amigas e amigos,

Peço desculpas por essa ausência tão longa e por não ter informado com antecedência sobre a cirurgia. Maio foi um mês corrido, de muitos exames, muitos médicos, muitas providências a tomar. E pouca vontade de escrever. A cirurgia aconteceu no dia 28 de maio, retiraram-me os linfonodos da pelve (dos dois lados), os retroperitoniais e a vesícula. Ao entrar no centro cirúrgico, após me despedir do meu B e de seu pai, pensei estar num parque de diversões tal era a animação e movimentação das pessoas. Conversei com a anestesista, contei-lhe sobre o edema de glote que fiz com lidocaína, das dificuldades que tive após a primeira cirurgia, da sonda nasogástrica que precisei usar e quando estava quase adormecendo vi aquele homem enorme, sorrindo e falando "olá, querida", o meu médico. Um deus ultra competente, segundo as informações que tive.

Quando acordei, a primeira coisa que vi foi um relógio redondo, de parede. Marcava meio dia e quarenta minutos. A cirurgia deve ter consumido entre três e quatro horas. Às quatro e meia voltei para a enfermaria e meu B estava lá. Como da primeira vez, o pós operatório foi difícil. Fiquei muito agitada (creio que devido a anestesia)e no domingo comecei a acumular líquidos no abdômem. À noite, a enfermeira veio tentar passar uma sonda nasogástrica acompanhada de um tubo enooooooooooooooorme de LIDOCAÍNA! A infeliz simplesmente não leu meu prontuário. Não sei como consegui manter a calma e disse-lhe que não usaria sonda nenhuma. Ela ainda insistiu, dizendo que usaria óleo mineral. Resisti. E fiz um esforço mental imenso para fazer meu corpo reagir e eliminar o que lhe fazia mal. O dedo na garganta funcionou. Comecei a melhorar e pude dormir. Na segunda-feira, dia 1/06, disse ao médico assistente que iria embora, nem que tivesse de assinar o termo de responsabilidade. No fim da tarde, voltei pra casa.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) tem os médicos mais competentes, os mais modernos equipamentos de exame, as drogas mais eficientes e atuais, uma equipe de quimioterapia fantástica, uma equipe ambulatorial de excelente qualidade (nutrição, fisioterapia, psicologia etc), uma turminha de apoio pra lá de simpática (Gisele, Michele, Márcio), mas o seu sistema hospitalar precisa melhorar muito. Os quartos são pequenos, o espaço entre as camas é exíguo e o atendimento é mecânico. Fulano é responsável por isso, o outro, por aquilo, cada um no seu quadrado. Falta humanização à equipe de enfermagem. Senti-me muito mal cuidada, entregue à minha própria sorte, em algumas ocasiões, abandonada.

De volta à casa, a primeira semana foi péssima. Enjoos, vômitos, diarreia, dores, dormência e inchaço nas coxas, dificuldade para caminhar. Um corpo extremamente debilitado, ainda que a cabeça tentasse manter tudo sob controle. Pedi colinho e fui pra casa da mamãe. Num lugar tranquilo e bucólico, com sopinhas e comidinhas, pude, enfim, me sentir mais forte. Minha mãe é uma mulher de fibra, há 16 anos teve câncer de mama, venceu e hoje, aos quase 77 anos, vive bem, sozinha, numa casa que parece casa de boneca. Foi muito bom estar lá. Obrigada, mãe! Que você tenha muitos anos de vida saudável.

Miinha mãe, dois de seus quatro netos e duas filhas (ao todo são 3)


Não é bem bucólico o lugar onde ela mora?



No dia 12, retirei os pontos e fui examinada pelo médico. As coxas continuam estranhas, dormentes e um pouco inchadas. Fiz um doppler para eliminar a suspeita de trombose (o resultado foi negativo, mas não me deram explicação para a espécie de íngua que tenho na perna direita), ainda devo manter uma dieta totalmente sem gordura, nada de esforço físico, pouquíssimas saídas à rua. O ânimo está bem melhor, mas o passo ainda é muito lento. Amanhã vou à fisioterapia, quem sabe ela consegue me dizer o que há de errado com as minhas pernas. Porque até agora, quem me tem socorrido é a minha homeopata, Dra Márcia Soares, que sempre muito atenciosa me ouve e cuida. Obrigada, Márcia! Muita luz pra você.

Obrigada às amigas e amigos que me visitaram (lindo o presente que vc me deu, Lurdes!), telefonaram, enviaram mails e deixaram mensagens aqui no blog e no orkut. A energia de vocês muito me tem confortado.

Um beijo para as minhas irmãs. Obrigada, Luiz, pelas comidinhas, ainda que com pouco sal. (rsrs)

sábado, 2 de maio de 2009

Um mimo para as amigas e amigos



Adoro vocês!

Já tinha dado a postagem por encerrada, mas tive de voltar por dois motivos:

1. Amanhã, 03/05, comemora-se o dia das mães em Portugal. Então, um dia muito feliz para as minhas amigas portuguesas! (o vídeo tem tudo a ver...)

2. Só agora percebo que abril terminou e nem me dei conta de que este blog fez aniversário! Um aninho e 2.200 visitas (ao perfil). É um dado memorável! (minha memória está um desastre, mas a intuição ainda funciona, por isso senti o desejo de postar este vídeo!) Parabéns, bloguinho! Obrigada aos amigos e visitantes! Sem vocês este blog não teria muita razão e graça. Champanhe para todos! Tchim tchim!!!
E muitos beijinhos carinhosos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pedras nada preciosas!

Aqui estou para dar notícias! Como sabem, na madrugada do dia 2 senti muitas dores abdominais e tive vômitos. Fui para o hospital e lá fiquei durante algumas horas tomando soro e medicamentos. Ao todo foram quatro dias de dieta rigorosa, basicamente líquida. O lado bom dessa história é que perdi um quilo e meio! O outro, menos bom, é que os microcálculos que apareceram na vesícula após a quimio agora são cálculos, ou seja, cresceram e se tornaram adolescentes. Pude vê-los hoje por meio da ultrasonografia. Este é o tipo de exame que adoro. Posso ver tudo e fazer um monte de perguntas. E o médico é excelente, me responde com clareza e precisão. Aproveitei e pedi para ver meus linfonodos da pelve. Os que se mostraram estão em perfeito estado! Fiquei tão contente! Mas ainda é cedo para soltar foguetes, somente a ressonância, que farei na 5ª feira, me dirá com certeza se estão todos normais.

Bem, com relação à vesícula, o prognóstico é cirúrgico. Quem me conhece sabe o quanto quero distância de qualquer procedimento invasivo. Primeiro vou fazer um tratamento com homeopatia, florais e alguma coisa da medicina ayurvédica. Para começar, uma alimentação controlada, SEM ACÚCAR industrializado (embora coma muitas frutas, nas 2 ou 3 últimas semanas comi brownies desarvoradamente, Freud com certeza tem uma explicação para isso...)e muito chá. E estamos às vésperas da Páscoa! Querido coelhinho, este ano nada de chocolates para mim. No mais, a vida segue seu rumo!

E que rumo interessante! Sem sair de casa, pude estar entre pessoas incríveis, num palco iluminado, no dia do meu aniversário, do outro lado do Atlântico, como mostra a foto abaixo. Prazer e emoção! Obrigada, meninas! Obrigada, Rui!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Meu aniversário: Ano I, Era II

Quem me conhece sabe que adoro fazer aniversário e até faço um market em cima. Meus alunos que o digam! Logo no início do ano letivo começo minha campanha e sempre é bem sucedida. No meu dia, havia sempre festa, com bolo, docinhos, salgadinhos, quase sempre feitos por elas, as alunas, às vezes até mesmo por suas mães. Os rapazes se encarregavam dos refrigerantes. Aliás, um ex-aluno, há uns dois dias atrás, enviou uma foto de uma dessas comemorações para o meu orkut, só para me lembrar. E quem disse que vou esquecer? São ótimas lembranças!

Quem me conhece sabe também que este é um dos raros momentos em que me permito fazer alarde de algo tão íntimo (embora eu tenha mudado um pouco, afinal agora tenho um blog bem pessoal...). A verdade é que adoro aniversariar, ganhar presentes, beijos, abraços, sentir-me especial. Sinto-me imensamente feliz por ter nascido no primeiro dia do mês mais bonito do ano. “Aprilis”, mês consagrado a Vênus. Mês outonal, no hemisfério sul. E outono no Rio de Janeiro é sinônimo de céu azul, límpido, temperatura aconchegante, brisa mansa.

Neste ano, meu aniversário tem um sabor especial. Uma comemoração muito particular. É o primeiro ano de uma nova vida. Que se quer mais saudável, mais alegre, mais feliz!
Parabéns, Maisa!



Parabéns ao Celso, um amigo de longa data; ao menino João, sobrinho da querida Anna Azevedo; e para a Marilu, amiga portuguesa. Todos aniversariantes do dia 1º de abril!

Parabéns aos participantes da peça Rosa, Esperança, que hoje fazem seu ensaio geral. Meus votos de muito sucesso!

Abril tem ainda muitos outros aniversariantes: nossa querida CrisJ, Anna Azevedo, Isalenca, Alda... Só gente de bem com a vida!

Saúde!

sábado, 28 de março de 2009

Em primeira mão!!!

Não resisto e conto pra vocês: já vi as fotos que estarão em exposição, juntamente com a peça Rosa, Esperança (Projecto Mulheres e o Cancro da Mama). O Comandante enviou-as por mail para mim, em primeira mão! Sou ou não sou uma pessoa privilegiada? Sinto-me muito honrada por poder participar desse projeto, por ter a amizade do Rui e de todas as meninas corajosas.
Digo só mais uma coisinha: estão todas e todos lindos!!! (não vou estragar a surpresa, né?)
Beijos, Rui, e obrigada!

O Comandante autorizou e aqui estão as fotografias!
Sóbrias, charmosas, alegres, divertidas, elegantes, sensuais... Plenas de cumplicidade, evidenciam o pulsar da vida, nos momentos felizes e também naqueles menos felizes.
E, por falar em vida, a minha se torna cada dia mais rica com vocês por perto.






Agradecimentos aos fotógrafos e fotógrafas, em especial a brasileira Christina Amaral, que com seu olhar amoroso me deixou bem bonita.

Serão duas exposições fotográficas, uma com fotos de 1m x 0,70cm e outra com fotos em tamanho menor. É ou não é um arraso total?